Em seminário da FPA, CNA propõe fortalecimento do seguro rural

Evento promovido na terça (10) discutiu os desafios do Plano Safra 2025/2026
Brasília (10/06/2025) – O vice-presidente da CNA, José Mário Schreiner, afirmou na terça (10), durante evento promovido pela Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), que o fortalecimento do seguro rural é peça-chave para a garantia da produção de alimentos no país.
O seminário “Plano Safra 2025/2026 – Desafios e Oportunidades” reuniu parlamentares e representantes de entidades do agro e discutiu, entre outros assuntos, o mercado de capitais, gestão de riscos, mudanças climáticas e os desafios futuros para a previsibilidade do setor.
Em sua fala de abertura, José Mário destacou que ano a ano os recursos do seguro rural têm reduzido, assim como a área agrícola segurada. “Não tem como sustentar o Plano Safra sem um seguro rural eficiente, fortalecido”, disse.
O vice-presidente da CNA lembrou a situação dos produtores do Rio Grande do Sul e de outros estados, que perderam a produção em razão de problemas climáticos, e que precisaram renegociar as dívidas de crédito por falta de seguro.
“Nós precisamos lutar para que esse recurso chegue ao produtor. Essa responsabilidade e a preocupação com o futuro da sustentabilidade do setor não cabe somente ao parlamento ou ao setor produtivo, cabe também ao governo. É ele quem aponta o rumo do país para o próximo ano”.

Durante seu discurso, Schreiner citou o projeto de lei 2951/2024, de autoria da senadora Tereza Cristina (PP-MS), como alternativa para a modernização do seguro rural, com a transferência dos recursos do Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR) às operações oficiais de crédito e a operacionalização do Fundo Catástrofe.
José Mário pontuou, ainda, sobre a preocupação com as taxas de juros para financiar a produção na próxima safra, diante de uma Selic a 14,75%. “Não sabemos se a taxa vai aumentar ou diminuir e isso tem preocupado os produtores”, concluiu.
O presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), deputado Pedro Lupion, afirmou que o próximo Plano Safra será desafiador, principalmente em razão do atual cenário econômico e o anúncio do governo de taxar as Letras de Créditos do Agronegócio (LCAs), que são títulos importantes para financiar a produção. “Precisamos urgente de seguro, crédito justo, menos burocracia e garantias mais simples e eficientes”.
Já a vice-presidente da FPA, senadora Tereza Cristina, defendeu maior previsibilidade para o setor e compromisso do governo com o Plano Safra. A senadora também criticou a proposta de taxação das LCAs e disse que a medida vai desestimular o investidor, principalmente a pessoa física. Em relação ao seguro rural, ela reforçou a importância do trabalho conjunto para que a ferramenta seja levada mais a sério.
Também participaram da mesa de abertura a presidente do Instituto Pensar Agropecuária (IPA), Tânia Zanella, o vice-presidente da FPA, Arnaldo Jardim, a diretora da Fractal, Linda Murasawa, e o produtor rural e fundador da Zera.ag, Octaciano Neto.
Em seguida, o assessor técnico da CNA, Guilherme Rios, apontou os desafios e oportunidades do setor para o Plano Agrícola e Pecuário 2025/26. Segundo ele, a entidade enxerga grande potencial de crescimento do agro no mercado de capitais. Hoje o setor representa apenas 5% do total do volume transacionado.

No entanto, explicou Guilherme, para atrair investidores e garantir segurança nas operações, é essencial fortalecer as ferramentas de gestão de risco, especialmente diante da baixa eficiência do seguro rural (PSR) e do Proagro.
“A falta de recursos para equalização agrava ainda mais o cenário, comprometendo o lastro das operações e tornando este um dos Planos Safra mais desafiadores para o produtor rural. Apostamos no mercado de capitais como alternativa para suprir essa carência, mas é necessário fortalecer as ferramentas de gestão de risco para expor o produtor em melhores condições para os investidores”, disse.
Assista ao evento na íntegra: https://www.youtube.com/watch?v=AGBbC-8pfyg&t=6841s